Wikinomics
Tapscott, D.; Williams, A. (2008). Wikinomics – A nova economia das multidões inteligentes. Quidnovi.
CAPÍTULO 4
IDEÁGORASunderline text
As IDÉAGORAS são ilhas virtuais que funcionam como repositório de ideias, é o exemplo da InnoCentive, que surgiram como uma entre ajuda entre empresas, através de desafios científicos.
Criaram-se fórums onde são colocadas questões, pelas empresas, de problemas ou obstáculos que as mesmas têm. Se as respostas resultarem como soluções para esses mesmos problemas, existe uma recompensa financeira, conforme a ideia ou sugestão e o resultado obtido.
Já em 1990 existia uma plataforma do género com a mesma base de pensamento mas ligeiramente diferente, as grandes empresas como a Procter & Gamble, vendiam as suas patentes, já depois de utilizadas, a outras empresas.
A INNOCENTIVE, lançada em 2001 pelo gigante da indústria farmacêutica Ely Lilly como iniciativa de negócio electrónico, tem como propósito tornar acessíveis, ideias e invenções a empresas famintas de inovação, permitindo deste modo mais rapidez e eficácia na criação de novos produtos e diminuir o preço em alguns.
As empresas foram beneficiadas com estas ilhas virtuais mas, também ficaram mais expostas á concorrência vendo-se obrigadas a recorrer a outros métodos para se diferenciarem e destacarem dos seus concorrentes no mercado onde exercem os seus negócios.
Os seus departamentos científicos não deixaram de exercer as suas funções, sendo que a empresa necessita ainda dessa área de estudo, isto é, uma não invalida a outra. Criou-se uma entreajuda no mercado tornando-o desta forma mais competitivo, obrigando as empresas a trabalharem mais o seu core benefict e a organização da sua estrutura interna tornando-a cada vez mais horizontal. Assim, as empresas ao aderirem a plataformas como o INNOCENTIVE alargaram a sua capacidade de resolução de problemas permitindo -lhes aproveitarem os talentos duma comunidade científica global sem terem que contratar uma pessoa especializada a tempo inteiro.
As mentes brilhantes são difíceis de encontrar e como tal nem todas as empresas tem acesso a esse “solucionador” de modo que, alguns cientistas reformados como Werner Muller passam o seu tempo a ajudar essas empresas com soluções para os problemas com que estas se debatiam há já algum tempo, tornando-as mais competitivas relativamente aos grandes concorrentes da sua área de negócio.
Em suma, a empresa que se actualiza e colabora na adopção de inovações torna-se uma empresa com maior sustentabilidade a longo prazo.
( INÊS e LISA)
CAPITULO 5 . OS PROSUMIDORES.
Prosumo, termo introduzido para descrever o modo como a distância entre produtores e consumidores se está a atenuar.
Neste novo modelo de Prosumo, os consumidores participam na criação dos produtos de forma activa e contínua. Os consumidores fazem mais do que personalizar os seus produtos, criam comunidades de prosumidores on-line onde partilham informações sobre os produtos.
Tal como a Second Life, uma plataforma infinita para a inovação dos consumidores, não um produto, a nova geração de prosumidores trata o mundo como um local de criação, não de consumo – o mundo é um palco para as suas próprias inovações.
Exemplo LEGO
Uma das primeiras comunidades de prosumidores formou-se em torno dos produtos Lego. Com os Lego Mindstorms os utilizadores constroem robôs reais a partir de peças programáveis.
Quando os utilizadores enviaram as suas criações para a Lego, a empresa ameaçou com processos judiciais mas quando os utilizadores se revoltaram, a marca ponderou a situação e acabou por incorporar as ideias dos utilizadores.
No site mindstorms.lego a empresa retira vantagens enormes do trabalho desta rede voluntária. De cada vez que um cliente apresenta uma nova aplicação para os Mindstorms, o brinquedo torna-se mais valioso.
Mas este novo fenómeno estende-se ainda mais longe, como por exemplo à BMW que é anfitriã de uma “agência de inovação virtual” no seu sitio, onde pequenas e médias empresas apresentam ideias na esperança de uma colaboração continua. E o mesmo acontece um pouco por cada sector de actividade, desde por exemplo, com a Nike, onde podemos ser designers de ténis, ao iPod da Apple e até em Hollywood que envolveu o publico em muitos aspectos do filme "Snakes on a Plane". Como já disse um participante de um blogue “estamos a assistir a uma mudança de situação em que se diz “criei o anuncio, “co-filmei o filme, montei o vídeo, concebi a t-shit, fiz o íman para o frigorífico.”
O autor refere ainda que os produtos estáticos têm tendência a desaparecer, para dar lugar a produtos modulares. O prosumo surge quando um consumidor reconfigura um produto tendo em vista os seus próprios objectivos. Assim, uma empresa que permita aos seus clientes efectuarem livremente alterações aos seus produtos corre o risco de destruir o seu modelo de negócio. Por outro lado, uma empresa que faça frente aos seus utilizadores pode manchar a sua reputação e perder potenciais conteúdos valiosos. No ponto de vista do autor, as empresas deverão envolver os consumidores na sua área de negócio e oferecer-lhes um papel activo na realização de futuros produtos.
A tecnologia facilita às pessoas criar e partilhar conteúdos globalmente, através de blogs, wikis, podcasts… o próprio individuo torna-se um gerador de conteúdos.
No futuro, os clientes querem continuar a desempenhar um papel genuíno na concepção de produtos. As empresas têm de se assumir como abertas a essa proactividade e os indivíduos vão continuar a ter um papel activo. Com o prosumo, o ciclo completa-se.
( Carla Silveira e Flávia Palma)
Capítulo 6
os novos alexandrinos
Neste capítulo Tapscott mostra como a pesquisa e publicação científica está a mudar de paradigma com a publicação online - o partilhar da ciência - e a forma como os cientistas trabalham em colaboração, usando modelos de horizontais de inovação, pesquisa e desenvolvimento - a ciência do partilhar.
A partilha da ciência e a ciência do partilhar
A Grande Biblioteca de Alexandria é vista por muitos como o maior repositório de conhecimento, talvez a 1ª universidade e o local do nascimento da ciência moderna.
Actualmente vivemos na época de mais rápida e ampla acumulação de conhecimento humano de sempre. E a maior parte desta explosão de conhecimento aconteceu no última metade do século.
Com o constante fluxo de novo conhecimento que surge todos os dias, estima-se que o stock de conhecimento humano duplique a cada 5 anos.
Empresas como o Google e bibliotecas e instituições como Harvard, Oxford, Stanford estão a digitalizar livros aos milhares e a tornarem-nos bits – estes livros vão fazer parte de uma biblioteca universal de cultura e conhecimento humanos. > Nova e virtual biblioteca de Alexandria – vai proporcionar uma base partilhada para colaboração, aprendizagem e inovação que vai transformar a internet numa espécie de livraria de 2ª mão.
A emergência da publicação de acesso livre – open-acess – e os novos serviços web vão colocar o conhecimento nas mãos de indivíduos e vão ajudar a crescer as comunidades de pares distribuídas pelo mundo. Até os rivais estão a ver os benefícios do trabalho colaborativo em iniciativas que vão estabelecer e fomentar um mercado para novos produtos e serviços.
Dependendo do tipo de risco, as empresas podem actuar sob as descobertas mais rapidamente, focarem-se na sua área de competência, facilitar a aprendizagem mútua, e diminuir os custos e riscos inerentes à pesquisa.
A ciência do partilhar
Esta abordagem entre pares para produzir conhecimento e partilhar informação não é nada novo na academia: a pesquisa nas ciências tem vindo a construir descobertas desde há séculos. Mas para as empresas é um novo território. A revolução do conhecimento continuou nos séculos XVII e XIX levando não só a novo conhecimento e novos ideais mas também melhor e mais barato acesso às ferramentas científicas.
A nova web ajuda a transformar o domínio da ciência num esforço cada vez maior de abertura e colaboração que se caracteriza por:
1.Rápida difusão das best pratices em técnicas e standards;
2. Da estimulação de novos híbridos tecnológicos e recombinações;
3. Da disponibilidade „just in time“ dos peritos e do poder cada vez maior das ferramentas de pesquisa
4. Do feedback positivo mais rápido nos ciclos de conhecimento público e nas empresas privadas, graças às redes indústria/empresa-universidades
5. Modelos de pesquisa e inovação horizontais, incluindo maior abertura do conhecimento cientifico, das ferramentas e redes.
Os novos alexandrinos são indivíduos, companhias e organizações que reconhecem o poder e a importância da abertura na economia actual. Eles estão a construir ambientes colaborativos e infraestruturas de conhecimento aberto, open standards e iniciativas de conteúdo aberto, redes científicas abertas, e consórcios de pesquisa e desenvolvimento abertos.
A partilha da ciência
Tal como as ferramentas colaborativas e as aplicações estão a dar nova forma às empresas, a nova web vai mudar para sempre a forma como os cientistas publicam, gerem dados e colaboram além das fronteiras institucionais. Todos os dados científicos do mundo vão estar disponíveis para qualquer investigador, de forma gratuita.
As bibliotecas digitais são apenas o 1º passo na modernização da investigação e publicação científicas. Os cientistas vão confiar menos no papel e usar ferramentas como blogs, wikis e bases de dados na web.
O Human Genome Project representa um momento de viragem, quando um grande número de empresas farmacêuticas abandonou os seus próprios projectos de genoma humano para apoiar colaborações abertas.
Estas corajosas empresas desafiaram a noção enraizada de que as actividades de I&D (Investigação e Desenvolvimento) numa fase inicial são desenvolvidas da melhor maneira individualmente e dentro dos limites dos respectivos laboratórios. Como consequência, conseguiram diminuir custos, acelerar a inovação, criar mais riqueza para os envolvidos e, em último caso, ajudar a sociedade a colher mais rapidamente os benefícios da investigação sobre genoma.
Chamamos-lhe um espaço comum do conhecimento pré-competitivo. Uma abordagem inovadora, de colaboração relativamente à investigação e ao desenvolvimento, em que empresas com ideias semelhantes ( e por vezes concorrentes) criam espaços comuns de conhecimentos e processos industriais sobre os quais assentam novas inovações e industrias.
Graças a estes esforços, a corrida para sequenciar o genoma humano deixa uma herança impressionante. O Genbank, o repositório de sequências de genes do Instituto Nacional de Saúde dos EUA é actualmente a maior base de dados pública de informações genéricas.
Os investigadores temiam (e ainda temem) que as questões de acesso provocassem a erosão da cultura da ciência aberta e impedissem o progresso científico. Cerca de 20% do genoma humano já era propriedade privada. Tanto a comunidade académica como a comercial advertiram que impedir o acesso a partes significativas da biologia molecular aumentava os custos e diminuía a eficiência da descoberta de medicamentos. Em resumo, a indústria estava em crise.
Em 1995 a Merk Pharmaceuticals e o Gene Sequencing Center, anunciaram a criação de uma base de dados de sequências de genes. Em 1998 já tinham publicado mais de 800 mil. Como as sequências eram públicas, nenhuma empresa as podia reclamar como suas. Qual o motivo da Merk? Uma forma mais eficiente de incentivar o progresso da investigação; a probabilidade de descobertas irá aumentar; impediu a possibilidade das empresas de biotecnologia dificultarem uma das suas principais entradas de informação com taxas de licenciamento e custos de transacção.
Em 1999 foi criado o SNP (11 empresas farmacêuticas, 1 instituição sem fins lucrativos e 2 empresas de TI). Objectivo? Dar início a uma nova era de medicina personalizada em que o tratamento é adequado ao perfil genético de cada individuo. Repentinamente ia ser criado um mapa genético suficientemente poderoso para definir que pacientes respondem a determinado medicamento. Para quê tornar público? Assegurar que o mapa subjacente está disponível para quem quer usá-lo.
Parcerias entre indústria e Universidades
A Intel – cooperação próxima com as principais universidades ajuda a manter-se na vanguarda, ao mesmo tempo que distribui os custos prévios de I&D por um ecossistema de investigação mais vasto.
Chave do sucesso – financiamento de vários projectos ao mesmo tempo.
Criar alicerces partilhados é uma excelente forma de melhorar a inovação e o sucesso da empresa.
Empresas farmacêuticas desenvolvem – de 1% de investigação biomédica no mundo. Para aceder aos restantes 99% aproveitam a investigação das Universidades e Organizações Públicas.
Se os direitos de propriedade inibirem o acesso, a oportunidade de colher benefícios acabará por diminuir.
Ponto de Equilíbrio > Temos que fomentar a inovação sem provocar a erosão de vitalidade do espaço científico e cultural comum.
São necessárias reformas da política pública.
Cada empresa terá que chegar ao seu próprio conjunto de conclusões sobre o ponto de equilíbrio.
Se o campo de jogo se mantiver equilibrado, temos motivos para nos mantermos optimistas em relação ao futuro.
(Clara Pereira e Dulce Areia)
Capítulo 7
Plataformas de Participação
As plataformas para participação representam um novo e empolgante tipo de negócio que prospera graças à colaboração em massa e incorpora todos os princípios da wikinomics: abertura, peering, compartilhamento e acção global. Trata-se de um negócio com o qual muitos gerentes sonham, e no qual milhares de parceiros trabalham juntos em dinâmicos ecossistemas de negócios.
Neste excerto, começa-se por referir uma das primeiras plataformas de participação da web, quando Paul Rademacher juntou os anúncios classificados do craiglist com o serviço de mapas do Google (APIs disponíveis a todos), apresentando o 'housingmaps' como resultado. Actualmente, milhares utilizam e remisturam o Google Maps…
Empresas como a Google abriram já suas plataformas para consolidarem ideias em larga escala e não se pense que são caso único: a Amazon e o eBay usam as plataformas da Apple para demonstrar como a participação dos prosumers pode gerar ecossistemas muito interessantes em torno de uma actividades simples, como fazer compras. Ao abrir os seus serviços Web ao “mundo”, a Amazon (como os restantes gigantes da web) percebem claramente que têm assim ao dispor o talento de grandes comunidades de programadores que participam, desenvolvem e enriquecem os seus códigos e serviços. Para isso, usam recursos a uma escala maciça, que seria impossível internamente e principalmente… sem custos e sem grandes riscos.
Mas esta abertura de plataformas para a comunidade não está a ser executada apenas pelas empresas de tecnologia: algumas agências governamentais estão a começar a entrar nesta nova “estratégia” de negócio: é o caso do projecto PeopleFinder. Este foi criado depois da grande catástrofe do Furacão Katrina e serviu para reunir famílias separadas, encontrar alojamento e, em alguns casos, para salvar vidas. Voluntários do país contribuíram para criar uma central de todas as informações sobre os sobreviventes, tarefa gigante, onde foi necessário um esforço maciço de codificação de dados e integração de diversas bases de dados. Este foi um dos exemplos mais evidentes de como uma plataforma de colaboração se tornou importante no quotidiano das pessoas, quer seja nos negócios, quer num espectro mais social…
Mas existe um problema pertinente nesta “questão” das remisturas: não trazem incentivos a longo prazo para os inovadores e a grande maioria não tem protecção em termos de propriedade intelectual e por isso existe uma questão pertinente: O que ganham os programadores com isto? As respostas, segundo o autor são simples: têm acesso a muitos serviços de software, as APIs são gratuitas ou baratas de usar; além disso podem ganhar dinheiro em comissões de tráfego e vendas, ou em prémios. Mas milhões contribuem para o sucesso dos sites dominantes de forma gratuita. Será que esta contribuição para a “sabedoria das multidões” não esconde um fenómeno de exploração?
(João Limão e João Martins)
Capítulo 8
A Fábrica Global.
Neste capítulo o autor aborda o conceito de Fábrica Global como uma tendência que assenta no facto de cada vez mais as empresas estarem a delegar parte da responsabilidade do processo de fabrico dos seus produtos em empresas parceiras especializadas.
Anteriormente, as empresas eram responsáveis por todas as fases que compunham o processo de produção dos seus bens facto este, que obrigava a uma elevada concentração de esforços neste processo. Estes esforços eram exigidos não só a nível financeiro através da necessidade constante de actualizações tecnológicas e optimizações de processos como também ao nível da própria estrutura organizacional da empresa.
O que esta nova abordagem veio trazer, foi a delegação de responsabilidades em empresas parceiras, altamente especializadas em cada uma das fases do processo de fabrico.
À "empresa-mãe" cabe agora a responsabilidade de orquestrar todos estes parceiros, garantindo um fluxo de comunicação adequado entre todos.
Deixámos portanto de ter uma estrutura horizontal onde a informação fluía essencialmente da Empresa para cada um dos parceiros para passar a operar numa estrutura mais horizontal onde é atribuída maior confiança aos fornecedores que passam a partilhar informação e passam a ser parte fundamental no processo de construção do produto. Esta nova realidade veio permitir aligeirar processos e partilhar conhecimentos numa perspectiva de optimização constante, libertando a empresa-mãe em primeiro lugar de ter a seu cargo todo o investimento financeiro e permitiu-lhe direccionar a concentração de esforços para outras áreas que possam trazer valor acrescentado para o seu negócio.
A Boeing é um exemplo no que respeita à adopção desta nova tipologia de produção.
Anteriormente a empresa levava meses a construir um avião e todo este processo era feito nas suas instalações com uma equipa muito alargada e avultados investimentos em equipamento e tecnologia.
Actualmente, existem dezenas de empresas especializadas que são previamente brifadas e chamadas à Boeing para fazerem parte dos processos pioneiros do projecto e posteriormente é-lhes entregue uma das partes específicas do avião para construírem.
Estes fornecedores estão espalhados por diversas partes do mundo estando interligados através de uma plataforma digital que lhes permite partilhar informação sobre todo o estado do processo.
No final, todas as peças do avião são enviadas para a Boeing que fica apenas encarregue da montagem de todas as componentes. Esta montagem final é actualmente conseguida em 3 dias.
Com esta alteração de processos, a Boeing conseguiu libertar recursos para se focalizar na melhoria da experiência de voo dos futuros passageiros, área que acreditam ser fulcral para se diferenciarem da concorrência.
(JOANA SANTOS, FRANCISCO LADEIRA)
Capítulo 9
O local de trabalho Wiki. Dar largas ao nosso poder.
Robert Stephens, antigo dono da Geek Squad começa por esclarecer como utilizar o novo universo das tecnologias da colaboração para conseguir rentabilizar ao máximo a intervenção dos funcionários da Best Buy. Os funcionários da sua empresa utilizavam já wikis, videojogos e todo o tipo de tecnologias de colaboração para produzirem novas ideias, gerirem projectos e trocarem informações úteis e ainda para socializarem com os seus colegas.
A Web 2.0 está a reformular organizações e locais de trabalho. Cada vez mais os empregados utilizam blogs, wikis e outras ferramentas novas para colaborarem e formarem comunidades ad-hoc, superando as fronteiras dos departamentos e das organizações.
Passamos assim de uma situação em que os locais de trabalho são fechados e hierarquizados, com relações de emprego rígidas, para uma situação em que as redes de capital humano auto-organizadas, distribuídas e em constante colaboração extraem conhecimentos do interior e exterior da empresa.
Para além de tudo isto há uma nova geração que começa agora a entrar no mercado de trabalho e que traz consigo a adopção de novas tecnologias, a criatividade, conectividade social, diversão e diversidade.
A Geek Squad é o exemplo de como a tecnologia e a demografia juntas estão a modificar os locais de trabalho. A equipa jovem identifica-se plenamente com a marca, fomentando uma sensação de diversão e irreverência num emprego, que de outra forma seria totalmente banal. A estratégia é atrair e manter talentos durante mais tempo, melhor e com mais eficiência, mas o que a distingue das outras tem a ver com a marca e com o ethos do local de trabalho.
À semelhança de outras empresas a forma como os empregados se organizaram de forma quase instintiva na Geek Squad, é reveladora de que nem sempre o mais eficaz é que as decisões partam de cima para baixo de uma forma extremamente rígida e hierarquizada.
E a prova disso mesmo é que, apesar do antigo director da Geek Squad ter criado uma wiki e de ter insistido para que se utilizasse a mesma, o que é certo é que esta estratégia não funcionou, uma vez que os empregados já se tinham organizado e criado uma forma de comunicação que mais se adaptava às suas necessidade e sobretudo ao seu perfil e filosofia dentro da empresa. Tal forma consistiu na criação de um jogo online onde era possível ter 128 pessoas a combater ao mesmo tempo em rede. Esta funcionalidade permitia ao mesmo tempo que se jogava, esclarecer duvidas, resolver problemas e ainda motivar os funcionários para que atingissem os seus objectivos e metas.
Podemos concluir então que, em vez de se definir uma planificação, o ideal é tentar descobrir quais as planificações já criadas e tentar adapta-las e utiliza-las de forma cada vez mais eficiente. É necessário observar para depois implementar. O facto de a iniciativa partir da equipa pode trazer formas de actuação mais eficazes, originais e sobretudo com maior visibilidade.
É difícil para as empresas conseguirem implementar a forma de organização e funcionamento da Geek Squad, uma vez que a burocracia organizacional impede a inovação na maior parte dos locais de trabalho. As hierarquias tradicionais continuam a existir, mesmo apesar de as empresas se terem ligado em rede à medida que iam construindo as suas redes de negócios com os seus clientes, numa plataforma de tecnologias de informação. Esta é a causa de grande parte da insatisfação no local de trabalho actualmente.
No entanto, a “Geração Net” e ascensão da Web 2.0 estão a fazer com que este cenário se altere. A maior parte das organizações estão geograficamente dispersas, pelo que existe a necessidade de as pessoas comunicarem e trabalharem em conjunto, apesar de estarem separadas por grandes distâncias. As tecnologias de ligação em rede permitem às empresas dirigir operações coesas, ainda que descentralizadas, através da ligação dos funcionários em equipas virtuais e comunidades de ensaio.
Ao mesmo tempo a natureza do trabalho alterou-se, tornando-se mais dependente das aptidões sociais, mais pressionado pelo tempo, mais móvel e menos dependente da geografia. As empresas começaram a descentralizar a sua função de tomada de decisões, comunicando com os pares e adoptando novas tecnologias.
Temos como exemplo o caso da Best Buy, que ao lançar uma estratégia de centralização no cliente, permitiu uma mudança na logística, pois a ideia partira de um gestor de loja. A ideia passava por descobrir quais os clientes que rendiam mais dinheiro e segmenta-los. Depois realinham-se as lojas e dá-se ordens para que os funcionários tomem como alvos esses compradores preferidos, com produtos e serviços que os incentivem a gastar mais. Os gestores de loja conhecem melhor os hábitos, desejos e frustrações dos clientes pelo que o seu conhecimento (aptidões sociais) pode contribuir para a melhoria das estatísticas da empresa.
Na Best Buy, os funcionários passaram a ser incentivados a desenvolver as suas próprias estratégias, experimentando-as e verificando-as, sendo recompensados não só com base nos resultados como também pelas próprias experiencias. A forma ideal de partilhar ideias, experiências e de permitir que a hierarquias sejam contornadas são os fóruns ou as wikis. Nem sempre aqueles que se encontram no topo da pirâmide organizacional têm noção da realidade, lançando ideias que muitas vezes falham, precisamente por não ouvirem quem tem experiência de campo.
As wikis são fundamentais na modificação de todo este processo organizacional., permitem diminuir os e-mails, o tempo de reunião e construir projectos tendo por base a colaboração de todos (as reuniões deixam de ser fechadas). Para alem de permitirem troca de informações, ideias e de tornarem o trabalho mais eficiente e mais próximo da realidade, estas adaptam-se naturalmente á forma como as pessoas trabalham e pensam. O controlo está nas mãos dos próprios utilizadores que criam as suas próprias formas de organização do conhecimento, dos locais de trabalho, dos processos e ate mesmo das suas próprias aplicações. Para além disso, o software social fornece às empresas uma forma de documentarem e aproveitarem momentos de inovação de uma forma simples, proporcionando a troca de conhecimentos, que vão crescendo juntamente com a organização. As wikis contribuem para que todos se envolvam de forma constante, não existindo um fim, pois o que hoje pode ser bom, amanha poderá ser ainda melhor.
Assim, as wikis, estão a dar origem a novas formas de colaboração no local de trabalho. Grandes empresas como a Amazon, a IBM, a P&G e outras, sabem que responder as solicitações dos clientes no sentido de uma inovação mais rápida e maior personalização significa conseguir a subcontratação de muito mais inovação. Alguma desta inovação virá através de canais e redes com direitos de propriedade como o licenciamento, a subcontratação e as iniciativas conjuntas. Muitas das pessoas que participam nos ecossistemas empresariais não trabalharão para eles. Não haverá qualquer relação contratual, pelo que não os poderão controlar directamente, nem poderão esperar ser proprietários ou rentabilizarem toda a sua propriedade intelectual.
As 5 funções típicas do local de trabalho wiki:
1.Equipas » Se antigamente, nas empresas, as pessoas se organizavam em pequenas equipas para realizar todo o trabalho, na geração Wiki assistimos a um aumento significativo de colaboradores, que pode chegar aos milhares. As empresas deixam de empregar equipas no sentido tradicional, para empregarem redes de pares que podem estar em constante mutação. Algumas equipas formam-se temporariamente para um projecto particular, e desmancham-se assim que o projecto estiver concluído.
2.Distribuição de tempo » No capítulo é dado o exemplo da Google. A empresa defende a colaboração e incentiva os funcionários a auto-organizarem-se no trabalho. Diariamente propõe aos funcionários que utilizem 20% do seu tempo para dedicarem aos seus projectos pessoais. Isso permite à empresa ter informação dos projectos que interessam aos colaboradores e tirar daí algumas ideias para desenvolver futuros projectos na própria Google.
3.Tomada de decisões » A tendência é para que, cada vez mais, as decisões sejam tomadas por um grupo de pessoas mais alargado. Em vez de se recolherem opiniões sobre determinado caso só entre os níveis hierárquicos superiores, a tendência é para procurar também opiniões de clientes, funcionários, fornecedores, etc., com o intuito de tomar uma decisão mais acertada.
4.Distribuição de recursos » A tendência é para aplicar e distribuir os recursos consoante as necessidades e não com uma distribuição fixa, tendo em vista que sejam aplicados nos locais onde são mais valorizados
5.Comunicações empresariais» Em vez de manter uma comunicação rígida do topo para a base da empresa, a ideia é que todos os níveis hierárquicos possam comunicar de igual para igual, sendo mais fácil aos superiores fazer passar a mensagem e aos trabalhadores compreende-la. No capítulo surge o exemplo da Sun Microsystems, onde um dos responsáveis, há muito tempo, intervém em blogues e se envolve regularmente em conversas online com os funcionários, clientes, accionistas, etc.
Para onde caminhamos:
-Novos ambientes no local de trabalho » Os locais de trabalho não vão desaparecer, mas vai ser cada vez menos obrigatório o funcionário ir todos os dias à empresa cumprir um horário das 9h às 17h. Com o desenvolvimento das wikis, dos blogs, dos chats, é cada vez mais fácil trabalhar a partir de casa, ou de qualquer outro local, e a empresa pode contar com colaboradores de qualquer parte do mundo.
-Nova economia de trabalho » À medida que as empresas procurarem cada vez mais reduzir os custos e ter maior agilidade, os empregos serão também cada vez mais fluidos e a curto/médio prazo. a tendência é para que vão sendo criadas equipas auto-organizadas para realizarem tarefas singulares, num determinado momento. É por isso normal que surjam cada vez mais trabalhadores independentes e empresários individuais.
-Novas fontes de identidade e segurança » A nossa noção de estabilidade no emprego vai mudar. A tendência é para que a nossa evolução na aprendizagem e na carreira sejam feitas através de comunidades online, onde trabalhamos com pessoas que pensam do mesmo modo e que desempenham tarefas semelhantes. A tendência é que, ao longo da vida, comecemos a "saltitar" de empresa em empresa e integrarmos uma equipa até terminar um dado projecto.
-Novos intermediários no mercado de talentos » Nos próximos tempos, agências de talentos ou mercados de capital humano serão os principais intermediários entre empregadores e empregados. A tendência é para que as empresas procurem encontrar e reunir talentos a nível global para desempenharem algumas tarefas.
Esta forma de trabalho auto-organizado e as empresas a funcionar a nível global, já começam a ser realidade. Já existem muitas empresas a trabalhar a nível global com base nas novas tecnologias e na internet, e a grande explosão será quando a Geração Net chegar ao mundo do trabalho. Aí as empresas vão criar organizações competitivas que aproveitarão capacidades internas e externas para cumprir um trabalho mais eficaz.
Ana Antunes
Vanessa Pedro
*Capítulo 10 - Mentes em Colaboração*
Este capitulo fala numa 1ª parte sobre a história de um director de uma empresa da industria mineira
e a dificuldade de partilha de dados de propriedade intelectual e os resultados que obtera ao conseguir partilhar os dados da sua empresa na internet. Diminiu os custos de produção da empresa em mais de 60% em apenas 4 anos.
Fala-nos ainda sobre os modelos de colaboração:
Trabalho com os pares em código aberto(permite às empresas recolher conhecimentos e recursos e talentos a uma escala muito maior)
Ideágoras – Termo que se refere a lugares na internet onde grande nº de pessoas e/ ou empresas se reunem para trocar ideias e soluções
Comunidades de Prosumisores – Junção de Produtor + Consumidor (salienta o papel crescente dos consumidores no processo produtivo.
Novos alexandrinos – redes sociais que se formam na internet em torno de determinados assuntos, abertas a todos, onde podem participar e partilhar experiências.
Fábricas globais – produção utilizando matéria prima vinda de diversos países e que exporta o que produz
Locais de trabalho Wiki
Esta principios da wikinomia originaram 2 forças que designaram como a “face negra”: de um lado os guardiões que se preocupam com a possibilidade da democratização da internet,derrubando as instituições que tradicionalmente sustentaram a economia, a produção de cultura e conhecimento humanos.e do outro lado os observadores que defendem os modelos colaborativos, alargando o acesso ao conhecimento, ao poder e à oportunidade económica.
Existe o receio que os conteúdos produzidos pelos utilizadores da Web possam minar o importante papel que os guardiões desempenham na manutenção dos elevados padrões de qualidade, originalidade e autenticidade nos media, entretenimento e cultura. Ou seja, como distinguir o que está correcto do incorrecto, os factos das opiniões, os peritos dos amadores.
È importante compreender os limites e uma solução passa pela utilização de medidas de fiabilidade nas entradas escritas e entao é desenvolvido um o programa aplicado à Wikipedia, criado por Luca de Alfaro, da Universidade da Califórnia Santa Cruz. Este usa a longevidade do conteúdo como indicador da utilidade das informações e das pessoas com contribuições mais fiáveis. Quanto mais tempo estiver um conteúdo sem sofrer alterações, mais fiável será e maior reputação terá o autor.
Contudo, há quem considere que a Geração Net e a sua crescente “cultura de mistura” e partilha pode minar a protecção dos direitos de propriedade intelectual. Mas já há vozes que defendem uma maior abertura dos conteúdos sujeitos a direitos de autor, como forma de tirar partido da democratização de conteúdos originada pela Web 2.0. A Lucasfilm aproveitou este conceito e permite que os utilizadores criem o seu próprio filme da Guerra das Estrelas e o divulguem no sítio Star Wars. No fundo, há que construir modelos de negócio que consigam competir com os conteúdos gratuitos que os consumidores descarregam da Internet e esta é a grande preocupação da industria da edição
Teresa Moita e Filipa Sousa